O Olhar de...
- Astrónomo português
- Investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP)
- Professor Afiliado da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) desde 2009
- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto professor/investigador da U.Porto?
Vim para o Centro de Astrofísica da U.PORTO em 2007, por ser o maior centro de astrofísica nacional, e por me ter oferecido excelentes condições para desenvolver a minha investigação. Em Janeiro de2008 iniciei um contrato Ciência2007, que me deu um vínculo mais forte à instituição. Pouco depois fui nomeado Professor Afiliado da Faculdade de Ciências, estando neste momento associado ao Departamento de Física e Astronomia. Além da investigação, tenho leccionado cursos na área de Sistemas Planetários para o Mestrado e Doutoramento.
Em 2008 tive um dos momentos mais importantes da minha carreira, com a aprovação de uma "Starting Grant" por parte do European Research Council. Isto permitiu crescer de forma significativa a equipa que lidero na área dos planetas extra-solares, e está a ser crucial para tornar o CAUP e a U.PORTO instituições reconhecidas internacionalmente nesta área.
Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e que modo tem ido de encontro às suas expectativas?
Pelas razões que mencionei em cima, o apoio que tive dentro do CAUP permitiu-me efectivamente crescer enquanto investigador, sendo prova disso o reconhecimento internacional que a equipa tem neste momento. Pelo lado negativo, sinto que a U.PORTO não tem feito os esforços necessários para garantir que o trabalho dos seus investigadores tenha uma garantia de continuidade. Ou seja, tenho neste momento excelentes condições na U.PORTO para fazer investigação ao mais alto nível, mas não tenho (nem a minha equipa) a estabilidade profissional que permita garantir a continuidade desse trabalho no médio/longo prazo.
- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro, com especial destaque no campo da investigação?
Do ponto de vista da investigação, a U.PORTO é sem dúvida uma referência. Deve-o em grande parte ao contacto próximo que tem com as escolas de toda a região, e talvez mesmo ao nível nacional (apesar de ter a impressão que cada vez mais é difícil motivar os jovens a ir estudar para longe de casa?).
Há inúmeras iniciativas notáveis a esse nível, incluindo, por exemplo, a universidade júnior. A ligação próxima entre a investigação e a divulgação científica é também notória, como por exemplo se passa no Centro de Astrofísica.
Esta ligação é, a meu ver, essencial, para que a U.PORTO possa continuar (e mesmo melhorar) a sua capacidade de atracção dos melhores alunos (e dos mais motivados). E tal é certamente essencial para melhorar num futuro próximo a qualidade e quantidade de investigadores de qualidade em Portugal, e no universo da U.PORTO em particular.
Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?
O objectivo terá de ser uma afirmação internacional, mas tal implica a meu ver uma afirmação nacional e regional. Creio que há algumas coisas que deveriam ser melhoradas na U.PORTO para tal ser plenamente conseguido. Uma aposta na fixação dos recursos humanos (não "permanentes") em áreas chave da investigação, e uma melhoria na comunicação entre investigadores de diferentes departamentos/áreas/centros de investigação.
Creio que se esse caminho for bem percorrido, dentro de 100 anos (certamente antes disso) será possível ter uma Universidade capaz de atrair investigadores e estudantes de todo o mundo.
Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)
Que o espírito inovador que permitiu construir o que é hoje a U.PORTO saia sempre vencedor.
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