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Rui Moreira: "A U.Porto é essencial na melhoria da competitividade do Porto e da Região"

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O Olhar de...

- Empresário e dirigente associativo português.

- Presidente da Associação Comercial do Porto (ACP)

- Antigo membro do Senado da Universidade do Porto

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade do Porto no seio da comunidade (cidade, região, país), com especial enfoque na área da ligação com o tecido económico e empresarial?

 

A Universidade do Porto tem sido um parceiro essencial no processo de melhoria da competitividade territorial do Porto e da sua Região. Os ecos do seu prestígio no exterior favoreceram, nas últimas décadas, um desenvolvimento contínuo de competências avançadas no domínio da investigação científica, com a formação de um elevado índice de jovens investigadores qualificados e o aparecimento de start-ups inovadoras, que vieram imprimir novos ritmos concorrenciais ao mercado. Por outro lado, a constituição e dinamização de “clusters regionais ” em áreas como a saúde, o ambiente, a energia, a moda e o design ou as manufacturas avançadas, designadamente nas nanotecnologias, tem vindo claramente a aproximar o tecido empresarial da Universidade, reforçando o estabelecimento de parcerias em áreas consideradas estratégicas para o nosso desenvolvimento.

Como consequência, têm-se multiplicado os projectos de colaboração, com resultados visíveis em inovação, tecnologia e mesmo no lançamento de produtos verdadeiramente revolucionários. Longe vão pois os tempos em que o interface entre a Universidade e as nossas empresas se caracterizava por contactos fugazes e tangenciais, entre dois mundos que eram, de facto, tão independentes.

Não quer isso dizer que, Universidade e empresas falem já numa mesma linguagem. Estamos no bom caminho mas ainda há muito por fazer. As universidades portuguesas em geral, mas especialmente as do Norte, evoluíram muito rapidamente num curto período de tempo, processo que não foi devidamente acompanhado por todo o tecido empresarial, muitas vezes incapaz de absorver, pelo seu processo histórico de especialização, novos conceitos e novas tecnologias.

É ainda visível um desajustamento no mercado de trabalho no sentido em que muitas pessoas qualificadas, formadas pela U.Porto, não encontram colocação, verificando-se, em muitas áreas, um excesso de oferta de empregos para a mão-de-obra desqualificada e de baixo custo.

Em contraponto, a falta de técnicos especializados em variados sectores continua a ser apontada com frequência pelas empresas da região denotando a persistência numa oferta formativa não totalmente adequada às necessidades do mercado, sendo o fenómeno particularmente visível a partir do momento em que o Estado deixou de ser o principal empregador. Ou seja, vemos uma Universidade do Porto ainda muito virada para aquilo que é a oferta, quando seria desejável que apostasse mais nas necessidades da procura, num sistema global em que o ensino superior privado (sobretudo o de menor qualidade) tem introduzido distorções no processo de adequação entre oferta e procura de formação e conhecimento.

Espera-se, efectivamente, que a dinâmica de qualificações possa andar em paralelo com uma dinâmica de regeneração empresarial, para que ambas se possam estimular mutuamente num processo construtivo que inculque na sociedade uma verdadeira cultura de excelência.

Constata-se também, por outro lado, e apesar dos importantes avanços que vêm sendo dados nesta matéria, uma ainda insípida capacidade de cooperação entre as diferentes Universidades e respectivos Centros de Investigação da Região e do País. O diálogo entre as instituições do Ensino Superior é fundamental para a optimização de meios, sobretudo num país pequeno como o nosso e na actual conjuntura, em que não podemos dar-nos ao luxo de duplicar recursos. O amadurecimento de alianças estratégicas e de redes de inovação contribui certamente para uma mais eficaz transferência de conhecimento para as empresas e um passo adicional para a conversão desse conhecimento em valor económico, que é o que está em causa quando se passa de facto para o plano da avaliação de resultados.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional?

 

A visibilidade externa de uma Universidade está sempre dependente da sua capacidade de sentir e intervir na sociedade onde se insere. Nesse plano, a Universidade do Porto já ganhou o seu lugar, não só no Norte, mas também no País, podendo e devendo reforçar a sua participação na definição dos factores e políticas que determinam e condicionam o desenvolvimento da nossa Região.

Para além das tradicionais funções associadas à produção e difusão de conhecimento, a Universidade do Porto tem toda a legitimidade para assumir um papel preponderante, diria mesmo, a missão de formar e qualificar os nossos recursos humanos.

Porque o incremento da nossa competitividade passa inevitavelmente pela melhoria dos níveis de formação e por essa articulação inter-institucional, que importa promover sobretudo se queremos caminhar para um processo de desenvolvimento baseado na inovação.

Um grande desafio que se coloca hoje à nossa Universidade passa sem dúvida pela capacidade de conseguir conciliar o ensino e a investigação com a vocação que já tem de escola de prestígio e excelência, mantendo ao mesmo tempo a ambição de serviço à comunidade.

Esse envolvimento passaria, nomeadamente, por uma orientação ao ensino básico e secundário, consubstanciada no apoio à definição de estratégias concertadas entre todos os agentes de educação, para que se criassem pontes de interacção entre si, que permitissem que os projectos educativos nascessem e crescessem em plena inter-colaboração. É uma reforma que ainda está por fazer, ao fim de tantos anos de políticas erráticas no sector e que certamente contribuiria para melhorar o sucesso dos processos de aprendizagem, o reforço da formação contínua dos professores e do valor social do conhecimento.

Um conhecimento, aliás, que deve ser validado pelo mercado, através de uma maior ligação da Universidade às empresas e ao mercado de trabalho, identificando-se as áreas de intervenção de excelência e definindo-se prioridades tendo em conta, por um lado, os recursos e competências, e por outro, a valorização dos seus “outputs”.

A maior parte dos grandes talentos que saem das nossas universidades não encontra hoje lugar em Portugal. É por isso essencial que se criem condições para que estes cérebros se mantenham no nosso país e que possam contribuir para o aumento da produtividade das nossas empresas.

A Universidade do Porto é hoje reconhecida como a melhor do país e pode ter também um papel mais activo para desbloquear factores que condicionam ainda a performance do nosso Ensino Superior, nomeadamente no plano do financiamento e gestão das Universidades, se for ela própria um modelo de governância com capacidade de antecipação estratégica.

Por tudo isto, é essencial que a Universidade seja vista como um espaço de conhecimento e diálogo crítico com a sociedade, para que todos os intervenientes do processo de formação assumam então uma linguagem comum. Assim sendo, todos os mecanismos de envolvimento das comunidades locais, das famílias e das empresas com a Universidade devem ser estimulados.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

Foram os “mercantes do Porto” que tomaram a iniciativa, em finais do Séc.XVIII, de pedir que lhes fosse criada uma modesta “Aula de Náutica” que, de aperfeiçoamento em aperfeiçoamento, viria a dar lugar, conjuntamente com a Escola Médico-Cirúrgica, nascida em 1837, à nossa Universidade do Porto. Ao longo da sua História, a Universidade do Porto soube resistir a muitas vicissitudes e movimentos hostis que sempre esbarraram contra a tenacidade heróica dos seus Professores, acompanhados e protegidos pela solidariedade dessa classe empreendedora.

Não tenho dúvidas de que a Universidade do Porto tem neste momento capacidade para estar entre as melhores da Europa e mesmo do Mundo. Mas, para isso, precisa de catalisar o apoio das empresas nacionais. Só assim poderá atrair mais talento internacional e posicionar, desse modo, a região e o país e o seu know-how nos mercados externos.

 
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