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António Coimbra: “O Norte deve à Universidade a implantação da Medicina Científica Moderna”

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O Olhar de...

- Médico e professor universitário português

- Professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP)

- Antigo director do Instituto de Histologia da FMUP, responsável pela instalação do primeiro Microscópio Electrónico na faculdade

- Antigo estudante da FMUP, com Licenciatura (1953) e Doutoramento (1962) em Medicina

 

- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante e professor da U.Porto?

 

A minha inscrição na Universidade do Porto, Faculdade de Medicina, em 1946, teve origem na procura de um curso profissionalizante. Este não era ainda de longe uma garantia de futuro como se tornou depois da instituição das carreiras médicas nos anos 60, a partir das quais todos os licenciados em Medicina se tornaram automaticamente funcionários públicos hospitalares. Muitos colegas meus tiveram de emigrar, outros voltavam à província para serem delegados de saúde e “João Semanas” e só (poucos) conseguiram uma carreira profissional de sucesso na cidade. Tudo girava à volta do Hospital de S. António, da Faculdade de Medicina e  da “Universidade” como chamávamos à Faculdade de Ciências onde tínhamos o primeiro ano de preparatórios. Mas a cidade tinha um encanto que veio a perder completamente vinte anos depois. Ruas comerciais animadas e habitadas, um centro – a Praça da Liberdade – onde todas as linhas de eléctrico convergiam, 5 ou 6 cinemas de bom nível, teatro e revista regulares, numerosos concertos e temporadas de ópera. Tudo isto tornava a cidade agradável e atraente. Os estudantes conviviam não só nos cafés da zona do Carmo, mas no Orfeão Universitário regido por Afonso Valentim, na Juventude Universitária Católica que tinha muita actividade cultural, no Teatro Universitário animado por Hernâni Monteiro, e no Centro Universitário que Jaime Rios de Sousa conseguia dirigir sem que se desse conta de que pertencia à Mocidade Portuguesa. Política estava praticamente ausente. No meu primeiro ano era usual assistir a pequenos comícios do Prof. Ruy Luís Gomes na escadaria da Faculdade de Ciências. A ditadura então substituiu o Reitor Adriano Rodrigues, que tinha simpatias democráticas, por Amândio Tavares e tudo cessou. Mas havia muita camaradagem entre Faculdades, porque todos frequentávamos aquelas actividades e os mesmos cafés, e tudo ficava perto na zona do Carmo e Cedofeita.

Licenciados (no meu caso em 1952), íamos estagiar gratuitamente nas enfermarias do S. António, onde trabalhei 6 anos com Corino de Andrade, ou conseguíamos um lugar de assistente na Faculdade, no meu caso na Histologia e Embriologia, cujo professor era Silva Pinto que em 1978 foi reitor interino da Universidade onde desempenhou um papel apaziguador importantíssimo hoje totalmente esquecido. Daí prosseguiu a minha carreira universitária.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro às suas expectativas?

 

Já respondida em parte, devo à Faculdade e ao S. António condições ao tempo muito modestas mas suficientes para prosseguir uma carreira de investigador, e sobretudo o influxo de algumas personalidades científicas notáveis.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

 

No quadro da Medicina, o Porto deve à Universidade, mais precisamente à Escola Médica, a implantação no Norte da Medicina Científica Moderna, que antes de 1825 era inexistente e apanágio de Cirurgiões sangradores e barbeiros. Esse papel prossegue até hoje em condições incomparavelmente mais evoluídas.

Actualmente com duas Faculdades de Medicina, 2 hospitais modernos universitários e algumas prestigiosas instituições de investigação e assistência, a Universidade continuam a ser fulcral no progresso médico da região. Quanto às outras Faculdades parece-me ser Engenharia com o INESC e outras instituições, a desempenhar o maior papel fomentador da vida empresarial na região Norte. O papel das outras Faculdades na comunidade parece-me mais modesto, e só espero que se desenvolva plenamente no futuro. 

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

A Universidade do Porto que para mim não tem 100 mas 186 anos, pois independentemente das designações mais ou menos burocráticas, desde 1825 proporciona cursos de Medicina, Engenharia e Ciências no Porto, é hoje uma instituição gigantesca e de enorme prestígio, que só faço votos porque cresça em condições de excelência científica contínua, a despeito das crónicas crises económicas nacionais.

 
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