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Joaquim Borges Gouveia: "Que o desenvolvimento sustentável seja o modelo de base a seguir"

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O Olhar de...

- Engenheiro e professor universitário português

- Professor Catedrático do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro

- Administrador não Executivo do Conselho de Administração da GALP SGPS, SA desde Maio de 2008

- Fundador do INESC Norte (1983), génese do INESC Porto.  Foi director do INESC a nível nacional (1985-1991).

- Professor da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) de 1975 a 2000

- Antigo estudante da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) com Licenciatura  em Engenharia Electrotécnica  (1973) e Doutoramento em Engenharia Electrotécnica e dos Computadores (1983)

 

Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante da U.Porto?

 

Cheguei à Universidade do Porto através da Faculdade de Engenharia em Outubro de 1970 para ingressar no 3º ano do curso de Engenharia Electrotécnica, vindo da Universidade de Coimbra onde fiz os dois primeiros anos do referido curso. Portanto durante trinta anos, de 1970 a 2000, com excepção de um período entre Agosto de 1973 a Abril de 1975, correspondente ao cumprimento do serviço militar obrigatório na altura, estudei, vivi, ensinei, investiguei, convivi, geri, empreendi mas muito mais importante do que tudo isso, criei a minha rede de cumplicidades, de dependências, de criatividade e de amizades para uma vida. Fui estudante, docente, investigador, dirigente, participei em tudo o que podia participar.

Olhando para trás, a Universidade do Porto foi a minha base de ensino - aprendizagem para o que fui realizando durante a minha vida profissional e pessoal. Desde a direcção do então Departamento de Engenharia Electrotécnica à criação e direcção do INESC, passando pela Fundação Gomes Teixeira, foram inúmeros os projectos em que estive envolvido numa vida preenchida e que fez de mim o que hoje sou. A Universidade do Porto permitiu-me criar em mim o espírito empreendedor, aprender assuntos que só muitos anos depois, foram correntes na nossa vida comum.

Ganhei amigos e incompatibilidades. Hoje não tenho dúvida de que o há de melhor na universidade são os alunos que tivemos nas nossas aulas, pois são eles a perpetuação da nossa contínua vontade de verter nos outros o nosso conhecimento. E então reencontrá-los anos mais tarde com uma realização bem superior aquela que eu próprio consegui, é a melhor das medalhas de mérito que posso ter. A tal rede das emoções…

E o conhecimento é realmente o factor dinâmico de competitividade que faz a diferença nos dias de hoje e nos do futuro. E se com ele conseguirmos, criar valor, então construiremos futuro.

Em 2000 mudei de universidade, mas continuei na Universidade, dando continuidade àquilo que aprendi na minha universidade “alma mater”. E sempre que há uma oportunidade, dou comigo a lançar mais uma actividade em que alguém da Universidade do Porto acaba sempre por estar envolvido.

Hoje ao escrever este depoimento, acabo por ter de constatar que a Universidade do Porto é algo de que se gosta, depois que se ama e finalmente que se enraíza. Esquisito ou talvez não, mas ela estará sempre na minha base de formação, em todos os capítulo que possa enumerar: pessoal, familiar, científico, relacional e claro emocional.

A Universidade do Porto é o nó mais importante da minha rede de relações, disso não tenho qualquer dúvida.

O momento mais marcante da minha vida na Universidade do Porto foi a criação com outros colegas, mas muito poucos, do INESC, cujos primeiros passos foram dados logo na semana a seguir ao meu doutoramento (7 de Julho de 1983), claramente outro momento marcante mas do ponto de vista individual. A esperança de que o INESC pudesse vir a provocar uma mudança na vida do Departamento era enorme. Hoje, olhando para trás, a mudança foi muito maior do que o esperado e não tenho qualquer dúvida que foi o momento mais marcante de toda a minha vida como docente na Universidade do Porto e também um momento importante na própria universidade. Alguns anos depois, a Universidade do Porto era aquela que, mais instituições do tipo”INESC”, tinha criado.

Outro momento marcante e foram muitos e muito bons, foi o da decisão de passar para a Universidade de Aveiro, pelo contraste com o tal momento mágico do referido anteriormente. As melhores recordações estarão sempre ligadas aos sucessos profissionais e pessoais dos muitos e muitos alunos e dos professores mais jovens que já foram meus alunos, que tive e que hoje vou coleccionando na rede Linkdin. E claro, as amizades que fiz para esta vida e provavelmente para as vidas seguintes com muitos deles …

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro às suas expectativas?

Licenciei-me, doutorei-me e realizei a minha agregação na Universidade do Porto, pelo que quase toda a minha vida académica, docente, de investigação e de aplicação dos conhecimentos adquiridos foi realizada na Universidade do Porto. Foi com uma colega da Universidade do Porto que casei e a minha filha ainda é estudante da Universidade do Porto. Provavelmente os meus netos cá virão parar…

Durante anos e anos, foi na Universidade do Porto que trabalhei profissionalmente e que me permitiu realizar uma enorme parte do meu percurso de vida, idealizar e construir muitos sonhos, concretizar muitos projectos, realizar muitas actividades.

Posso dizer que a importância da Universidade do Porto no meu percurso profissional foi decisiva e continua a ser uma fonte de inspiração para o muito que ainda desejo realizar.

Realmente excedeu totalmente as minhas expectativas, pois permitiu-me ser quem sou hoje e sempre conseguir ir mais além. E se o consigo, além do trabalho individual que é sempre fundamental, devo-o à excelente formação académica que obtive. Por isso, aprendi a aprender sempre que necessitei, nunca tive qualquer dificuldade de entrar num novo paradigma do conhecimento, procurar encontrar uma solução inovadora, desenvolver uma nova actividade. A ferramenta “conhecimento” e a sua aplicação foram sem dúvida a grande aprendizagem que consegui extrair na e da Universidade do Porto.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

 

A Universidade do Porto é o nó central do conhecimento da região em torno do Porto, logo local, regional, nacional, europeu, internacional. Um nó produtor de conhecimento global, tanto mais capaz de originar criação de valor, tanto maior será a sua importância nos espaços de inovação que hoje são globais.

Entender a sociedade em rede, participar e fazer participar os seus elementos, emitindo e recebendo conhecimento com o objectivo de criar valor nas mais diversas actividades em que está inserida, será o maior dos desafios, de que me apercebo, que a Universidade do Porto tem pela frente.

E neste processo nenhum dos “stakeholders” da universidade são indispensáveos , quer os mais antigos, quer os do presente, quer aqueles que estão a chegar à Universidade e que tem de estar com a maturidade desejável para acelerar este processo de crescimento com base no conhecimento.

Por isso, o trabalho com os alunos, antigos alunos e os potenciais futuros alunos é trabalho prioritário que tem de ser feito com a máxima profissionalização e envolvimento emocional.

A participação das empresas, das instituições e das pessoas exteriores à universidade é vital mas nunca descurar os alunos, os docentes e colaboradores administrativos e técnicos.

Em tudo isto, é exigida uma gestão muito profissional e preparada do ponto de vista pessoal, científica e social. No fundo entender e praticar uma estratégia de desenvolvimento sustentável. É que o futuro é já aqui…

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

A Universidade do Porto tem, também ela própria, a sua responsabilidade social na relação com a envolvente e com o seu interior, quer ao nível da reitoria quer ao nível das faculdades e dos departamentos.

 À Universidade do Porto cabe implementar uma gestão em que o desenvolvimento sustentável seja o modelo de base a seguir, com especial ênfase na responsabilidade social do departamento com as empresas, os alunos, além das organizações académicas e universitárias que a suportam e com docentes e funcionários a quem se tem de proporcionar o seu desenvolvimento integrado, profissional e social, promovendo um conjunto de iniciativas que mantenham a universidade e os seus colaboradores activos e responsáveis perante a sociedade.

Assim, o desenvolvimento sustentável passa pela promoção de uma cultura de empreendedorismo, designadamente junto dos jovens, estimulando-os a criar empresas, preferencialmente de base tecnológica, da adaptação de cursos de formação para gestores e quadros das empresas, pela oferta no local do trabalho de sistemas de ensino, formação e aprendizagem em gestão, disseminação de conhecimentos sobre tecnologias dirigidas às empresas para que estas possam identificar, seleccionar, adaptar e utilizar as novas tecnologias de informação e produção com o objectivo de aumentar a competitividade e garantir a empregabilidade dos seus colaboradores.

Esta prática implica o desenvolvimento de novas actividades, produtos e serviços na Universidade que tornem o trabalho de cada um mais criativo, mais empreendedor e empenhado, portanto mais produtivo e consequentemente mais competitivo, cumprindo a nossa missão universitária, tanto quanto possível, através do exemplo, construindo o próprio desenvolvimento sustentável, na Universidade, em cada local como na nossa unidade de ensino e investigação e cumprindo com a responsabilidade social, que é inerente à missão da instituição universitária.

Características como a flexibilidade, a diversificação, a diferenciação, a globalização, a internacionalização e integração, são hoje definitivamente conceitos que têm de estar endogeneizados na aprendizagem de cada um de nós logo à partida para conquistar um emprego e contribuir de modo individual para tornar a economia mais competitiva e com um maior valor acrescentado.

Nesta vertente, a Universidade do Porto tem de ser capaz de abrir, cada vez mais, as suas portas às empresas e às organizações públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, para que o conhecimento possa ser a chave da mudança e da inovação com o objectivo de desenvolver novos produtos e serviços que lhes permitam melhorar a sua competitividade e aumentar a sua capacidade de criação de riqueza.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

Ambicionar ir mais além, concorrer com a própria história, superar-se, ser um local de permanente reinvenção da academia no mundo global a que pertence o Porto global.

Cada professor, cada académico tem de ser um profissional capaz de ler o mundo e de participar na sua transformação.

 
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