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Ilda Figueiredo: "Cada vez mais, a Universidade estará aberta ao mundo"

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O Olhar de...

- Política e economista portuguesa

- Deputada no Parlamento Europeu, desde 1999, sendo vice-Presidente do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica

- Deputada à Assembleia da República eleita pela CDU (1979 - 1991)

- Antiga Estudante da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), com Licenciatura em Economia (1973)

 

- Como é que teve origem e se desenvolveu a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante da U.Porto?

 

Em finais de 1967, entrei para a Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que frequentei até Junho de 1973 (ano em que concluí o curso) enquanto aluna voluntária, por exercer a actividade docente – professora do ensino primário - em Vila Nova de Gaia, onde vivia. Foi também durante esses anos que nasceram dois dos meus três filhos, dos quais um, mais tarde frequentou também a Faculdade de Economia do Porto, mas nas actuais instalações. Isto significava que era obrigada a frequentar as aulas práticas, mas não as teóricas, o que, nalguns casos, me dificultou um conhecimento mais profundo de alguns professores. Em contrapartida, tinha de fazer provas trimestrais de frequência e só podia ir a exame se obtivesse classificação positiva. O que me valia era a solidariedade das minhas colegas que me emprestavam os apontamentos das aulas teóricas nos cafés da zona. Houve também alguns professores (assistentes na época) que me deram algum apoio, mas as regras eram muito rígidas e recordo algumas das histórias que incluem as lutas dos estudantes contra o fascismo, algumas prisões de colegas, as dificuldades de abordar alguns temas e o impedimento do estudo oficial e da utilização em trabalhos de aspectos da teoria marxista, embora na faculdade até existisse uma importante biblioteca, com obras muito diversificadas, no último piso do edifício central da Praça dos leões onde funcionava a antiga Faculdade de Economia do Porto. Foi nessas lutas que também se forjou a personalidade anti-fascista de uma geração que havia de participar na revolução do 25 de Abril de 1974.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e que modo foi de encontro às suas expectativas?

 

Foi decisiva a formação que obtive na Faculdade de Economia para a minha vida futura. Além de me permitir ingressar como professora no ensino técnico, formou-me em aspectos teóricos que me possibilitaram completar estudos noutras áreas. Com as alterações políticas que se deram após a revolução, foi a formação obtida que me permitiu trabalhar para o Sindicato dos Trabalhadores Têxteis dos Distritos do Porto e Aveiro, onde completei a minha formação prática, indo, em seguida (1979) para a Assembleia da República como deputada do PCP, cargo que exerci durante cerca de doze anos.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

 

O papel da Universidade na época em que lá estudei foi muito importante, dado que era uma das poucas possibilidades de formação que os alunos das classes trabalhadoras tinham para poder aceder a uma profissão com algum prestígio social. No entanto, as dificuldades eram tão grandes, designadamente em cursos mais técnicos e de maior prestígio, que eram escassos os alunos voluntários que conseguiam chegar ao fim do curso de economia, na Universidade do Porto. Com a revolução de Abril de 1974, abriram novas universidades pelo país fora e a própria Universidade do Porto cresceu muito, diversificou cursos e áreas de formação e investigação, alargou a sua influência na região e no país. Continua a ter um papel imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento regional e nacional, agora mais aberta à Europa e ao mundo.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

Estamos novamente à beira de momentos de grandes mudanças que se pressentem na crise que estamos a viver. Por isso, é muito difícil “adivinhar” o que será a Universidade do Porto daqui por 100 anos. Mas certamente que continuará a ter um importante papel na formação dos jovens, no desenvolvimento de Portugal e na interacção com outras universidades de países diversos. Espera-se que o chamado processo de Bolonha seja revisto, que haja menos cortes orçamentais para a educação pública e para a investigação e que as famílias tenham melhores condições de vida, garantindo a todos os jovens o acesso efectivo à universidade e uma formação adequada de acordo com os seus interesses. O futuro contribuirá para desenvolver maiores intercâmbios entre universidades e povos, com destaque para a Europa, África e América Latina, tendo em conta os laços que nos ligam aos Estados onde se fala português, que poderão ser pontes para novas relações e contributos para aprofundar a investigação no plano internacional. Cada vez mais, a Universidade estará aberta ao mundo e às mudanças que se adivinham.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)

 

A Universidade do Porto deve orgulhar-se dos 100 anos que comemora. Viveu fases muito diversas, naturalmente influenciada pela evolução política de Portugal, para a qual também contribuiu com a formação de muitas gerações de jovens, os quais, por sua vez, influenciaram a evolução da própria Universidade e do País. É nesta mútua influência que está o papel fundamental e estruturante da Universidade, sendo certo que um futuro de desenvolvimento e progresso social de Portugal e da Europa exige um ensino de grande qualidade teórica, de investigação e inovação, de uma cada vez mais estreita ligação à sociedade, às suas expectativas e mudanças, numa visão que, partindo da realidade local e regional, não deve perder a perspectiva nacional e internacional, contribuindo para maior cooperação com os povos de todo o mundo.

 
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