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Susana Pedrosa: "As faculdades devem oferecer uma certa maleabilidade aos alunos"

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O Olhar de...

- Artista e fotógrafa portuguesa

- Prémio BES Revelação 2009

- Antiga Estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com Licenciatura em Artes Plásticas - Pintura (2006)

 

- Que principais memórias guarda da sua experiência enquanto estudante da U.Porto? Há algum episódio que se destaque da experiência que viveu/vive na Universidade?

 

Lembro-me exactamente do primeiro dia em que entrei na faculdade e do dia em que concluí a minha licenciatura. Foi um período muito próprio da minha vida, tinha 18 anos quando entrei na Faculdade e foi o meu primeiro contacto com o Porto, que actualmente considero a minha casa em Portugal. A minha relação com a arte começou aí e é engraçado lembrar-me de como foram esses 5 anos, as ideias que tinha e o que vim a descobrir durante o meu tempo de faculdade. Lembro-me bem dos rituais muito próprios da faculdade: conversas de café, discussões de estúdio...

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso, não só ao nível da formação, como do ponto de vista profissional e artístico?

 

A Faculdade de Belas-Artes do Porto teve um papel essencial no meu desenvolvimento. É uma instituição com uma história e uma tradição, e quem por lá passa herda o legado dos que por lá passaram e isso é naturalmente marcante. Permitiu-me encontrar alguns professores e alguns colegas de quem gostei e gosto muito e com quem ainda mantenho relações e isso não acontece em todos os sítios por onde passamos. Esses encontros levaram-me a procurar novos caminhos, mudar-me para Lisboa e daí para Roterdão e sem dúvida foi uma etapa determinante no meu percurso. Conheci pessoas com quem continuei a trabalhar e outras com quem eventualmente poderei vir a trabalhar em termos artísticos. É uma questão de herança e o que fazemos com ela e eu considero que tirei muito proveito dos meus anos de faculdade e aprendi bastante não só com os aspectos positivos, mas também com alguns aspectos negativos que havia na altura, mas que fazem parte da nossa formação.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para os próximos 100 anos?

 

Parece-me que tem vindo a ser feito um esforço no sentido de aproximar a faculdade da comunidade, por exemplo, a. Universidade Júnior, que é uma iniciativa interessante, algumas conferências abertas ao público, exposições dentro e fora do espaço da faculdade, algumas até em espaços públicos. Considero também importantes estas iniciativas que visam manter os ex-alunos e ex-docentes parte integrante da comunidade académica. Em termos nacionais, acima de tudo o que talvez terá mais visibilidade será o trabalho dos ex- e actuais docentes e alunos, e a sua importância no panorama artístico nacional. No futuro, eventualmente o percurso dos actuais alunos talvez se venha também a reflectir no panorama artístico nacional e talvez todas estas iniciativas que se têm vindo a fazer venham a dar os seus frutos e os públicos comecem a aproximar-se mais dos discursos e espaços artísticos, mas isso é um papel para o qual as faculdades podem contribuir, mas que depende essencialmente das instituições e políticas ligadas à arte, logo é um esforço conjunto.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

Uma vez mais só posso falar da Faculdade de Belas-Artes e na qualidade de antiga estudante, daí que a minha visão seja parcial, uma vez que já não frequento a faculdade e a avalio em retrospectiva e do ponto de vista do aluno. Programas como o Erasmus e o Sócrates são um bom princípio, assim como outros protocolos internacionais que visam a movimentação e intercâmbio. Em termos nacionais, mais uma vez falando da Faculdade de Belas-Artes, julgo que devia ter mais contacto com outras instituições nacionais de ensino artístico. Existem actualmente acordos e iniciativas conjuntas com outras faculdades, o que julgo ser do maior valor, penso que é um bom caminho. Outro aspecto importante será talvez o de negociar a tradição que tem com os discursos em torno da arte contemporânea, e uma vez mais sinto que se tem vindo a trabalhar muito nesse sentido, o que é importante. De uma forma mais genérica e agora falando de todas as faculdades em geral, considero que devemos continuar a discutir o papel essencial da educação, do educador e do educando. Em Portugal entramos para a Universidade aos 18 anos, é uma escolha determinante na nossa vida, não irreversível, mas ainda assim determinante. Nesse aspecto, a única sugestão que daria seria a de que eventualmente todas as faculdades devessem ter uma cadeira que discutisse o papel da educação, em que os alunos pudessem pensar porque escolheram frequentar o ensino superior e qual é o papel deste na sua formação. Penso que acima de tudo devemos deixar de pensar que são as instituições académicas que nos educam. Nós é que nos educamos a nós próprios pelas escolhas que fazemos e pelo nosso nível de envolvimento com o que fazemos, apesar de as instituições exercerem um papel fundamental nesse sentido pelo que põe à nossa disposição e por promoverem encontros entre pessoas que de outra forma não existiriam. Sou apologista de que as faculdades devem oferecer uma certa maleabilidade para os alunos poderem escolher as disciplinas que mais lhes interessam, moldando o seu percurso individual. Penso com agrado que se vai ganhando mais e mais a consciência de que ser aluno ou ser professor é antes de mais uma questão de ética e responsabilidade individual e que isso é basilar para que as coisas funcionem. A Universidade não é uma ilha, portanto não lhe consigo responder como será daqui a 100 anos, da mesma forma que não consigo responder como serão as dinâmicas sociais, políticas e culturais num âmbito global daqui a 100 anos, mas posso dizer que acabei a minha licenciatura em 2006 e desde então parece-me que muitos aspectos melhoraram significativamente, o que é muito bom, significa que há um exercício constante de reavaliação e reconstrução, portanto gosto de pensar que daqui a 100 anos será melhor.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)

Parabéns a todos os que, passando por lá ou continuando lá, ajudaram e ajudam a torná-la no que hoje é.

 
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