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Anake Kijoa: "A Universidade precisa de rentabilizar os seus recursos humanos"

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O Olhar de...

- Investigador e professor universitário tailandês

- Professor Catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto ICBAS), pioneiro na investigação sobre produtos naturais de origem marinha.

- Doutor Honoris Causa pela Universidade de Burapha (Tailândia)
- Impulsionador da crescente cooperação científica e mobilidade de estudantes e docentes entre a U.Porto e várias universidades tailandesas


- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto?

 

Em 1979, no último ano do meu doutoramento na Universidade de São Paulo (Brasil), vim visitar o Porto. Durante esta estadia fiz uma visita à biblioteca do Departamento de Química da Faculdade de Ciências para a conhecer. Nesta ocasião conheci Prof. Carlos Correia, Catedrático da Química Orgânica, tendo trocado impressões sobre o meu trabalho e as actividades de investigação de Química Orgânica nesta Universidade. Em Agosto de 1980, após ter terminado o meu doutoramento no Brasil voltei para o Porto, tendo casado em Outubro desse mesmo ano. A partir de Fevereiro de 1981, fui contratado como Professor Auxiliar Convidado no Departamento de Química da Faculdade de Ciências onde fiquei até Novembro de 1984. Neste período, apenas dei aulas e não tive a oportunidade de fazer trabalho de investigação. A minha investigação começou quando mudei para o ICBAS. Embora, o ICBAS tivesse espaço muito limitado no que se refere a laboratórios (e continua a ter…), encontrei um ambiente com maior abertura, especialmente com a liderança do Professor Nuno Grande. Este facto encorajou-me a seguir em frente. Quando iniciei a minha carreira como docente e investigador no ICBAS, procurei colaborar com o grupo de Química Orgânica e o CEQOFFUP da Faculdade da Farmácia, liderada pela Professora Madalena Pinto. Formámos um grupo de investigação no domínio de produtos naturais bioactivos e o nosso esforço tem vindo a ser reconhecido internacionalmente. Contudo, a minha actividade de investigação foi mudando no sentido de acomodar a filosofia do ICBAS bem como de acompanhar a tendência internacional. Como os dois cursos principais do ICBAS eram (e ainda são) Medicina e Ciências do Meio Aquático, tentei fazer convergir os saberes destes dois domínios na minha investigação: estudar compostos de organismos marinhos como potencial actividade terapêutica. Por outro lado, tive a consciência clara que a biotecnologia é um campo muitíssimo importante para explorar os recursos marinhos, tanto no âmbito da saúde como para as áreas alimentar e de energia. Como resultado, a minha actividade de investigação tem vindo a ser dirigida para estes campos e, actualmente, estou integrado no Laboratório Associado CIIMAR. Contudo, tenho uma colaboração muito estreita com o centro de investigação CEQUIMED-UP da Faculdade de Farmácia

 

Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto professor/investigador da U. Porto?

 

Quando realizei as minhas provas de Agregação em 1992. Estas provas não só serviram para eu mostrar a minha capacidade como docente e investigador através dos trabalhos realizados nesta Universidade, mas também para mostrar o ambiente académico e as mentalidades dos Professores catedráticos que votavam ainda de forma secreta! Outro momento marcante foi quando acompanhei o Prof. Alberto Amaral, antigo Reitor da Universidade do Porto, na assinatura do acordo de cooperação científica com Universidade Tailandesas e com Ministério de Ciência, Tecnologia e Ambiente da Tailândia. Finalmente, outro momento importante ocorreu no ano passado quando fui “Chairman” de 6th European Conference on Marine Natural Products aqui no Porto. Este congresso deu-me não só a oportunidade de mostrar o trabalho de investigação do meu grupo à comunidade científica internacional mas, também, mostrar ao Mundo através deste evento como o Porto é uma cidade acolhedora, viva e interessante.

 

 

- Qual a importância da U. Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro às suas expectativas??

 

A Universidade do Porto foi muito importante no meu percurso profissional porque comecei a minha carreira como docente aqui, embora tivesse estado um ano como Assistente na Universidade de Chulalongkorn em Bangkok antes de ir para fazer o meu doutoramento em São Paulo. Foi a universidade do Porto que me acolheu. Foi a universidade do Porto, concretamente no ICBAS, que me deu a liberdade realizar o meu sonho de poder fazer investigação numa área que considero apaixonante.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

 

Durante estes 30 anos, testemunhei uma forte mudança na atitude da Universidade do Porto para Cidade e a população. Há uma maior abertura na Universidade do que havia 30 anos atrás. A Universidade do Porto tem sido um importante interveniente não só no plano científico-pedagógico, mas também noutros sectores da sociedade, tais como no desenvolvimento da economia, no plano de saúde e nas actividades culturais.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

Sem sombra de dúvida, a Universidade do Porto já se afirmou como instituição de ensino superior nacional. Este facto pode ser verificado, por exemplo, através das publicações científicas, número de estudantes de doutoramento e mestrado, do número de projectos de investigação e número de patentes. Para além disto, verifica-se que os melhores alunos do país têm vindo a procurar ingressar nos vários cursos ministrados na Universidade do Porto. Penso que neste momento a Universidade do Porto tem ambições de estar na lista de melhores universidades no plano internacional. Penso que para atingir este objectivo, a Universidade teria que procurar melhorar as infra-estruturas existentes, rentabilizar os recursos humanos e modernizar os serviços administrativos de modo a minimizar a carga burocrática que sobrecarrega docentes e investigadores, de modo a libertá-los por forma a dedicarem o seu tempo a melhorar o ensino e a investigação.

Quanto ao futuro, há que ter em conta que no passado as mudanças eram lentas, ao contrário do que acontece actualmente. As mudanças numa década são radicais, Como prever em 100 anos? Não tenho ousadia para tal…

 

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)

 

A Universidade deve ser um lugar onde os seus intervenientes possam realizar as suas ideias e utilizar as suas competências e saber para construir a sociedade melhor. Neste sentido, penso que a Universidade não deve apenas ter bons edifícios, cheios de equipamentos topo de gama (como dizia o Professor Nuno Grande, “o melhor laboratório era do pescoço para cima…”) mas também um ambiente humano com solidariedade e colaboração.

 

Se o objectivo principal da Universidade é servir a sociedade e melhorar a qualidade da vida da população, a Universidade do Porto tem de proporcionar melhores condições para os que contribuem para o seu progresso.

 
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