O Olhar de...
- Nutricionista e professor universitário português
- Coordenador da Plataforma Nacional contra a Obesidade, da Direcção Geral da Saúde (DGS)
- Professor Associado e Antigo Estudante da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da U.Porto (FCNAUP), com Licenciatura em Ciências da Nutrição (1991) e Doutoramento em Nutrição Humana (2004)
- Como é que teve origem a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante e professor da U.Porto?
Na década de 80, a Universidade do Porto era a única instituição do país a conceder formação na área da nutrição, daí que se perceba o percurso de um jovem Farense em direcção ao Norte. Por outro lado, o meu pai tinha estudado no Porto e considerava o Porto como o local ideal para alguém aprender a ser “gente” e bom profissional. Por curiosidade, informo que até falecer e sempre que necessitava de algo (cuidados médicos, etc) vinha do Algarve ao Porto, não lhe passando sequer pela cabeça poder ser assistido noutro lugar.
Como momentos mais marcantes destaco todas as “lutas” académicas e políticas para a afirmação da Faculdade de Ciências da Nutrição no seio da Universidade do Porto, desde os tempos de dirigente associativo até aos tempos de Presidente do Pedagógico e membro do Senado com os três Reitores e equipas reitorais com os quais tive o prazer de trabalhar. Destaco também a minha experiência como responsável pela mobilidade internacional na FCNAUP e as “lutas” para ultrapassar os receios de alguns docentes no início. Creio que cada aluno que sai vem sempre melhor profissional e melhor pessoa e que o crescimento da mobilidade internacional na U.Porto é um dos maiores feitos da instituição nos últimos anos.
- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e de que modo tem ido de encontro às suas expectativas?
A Universidade do Porto, à semelhança da cidade (em especial nestes últimos anos), consegue ser uma pequena comunidade de pessoas que se conhecem mas sem receio de se mostrar internacionalmente e de ser cosmopolita e irreverente. Por outro lado, a formação em Nutrição na U.Porto sempre foi muito “out of the box”, por influência de personalidades como o Professor Norberto Teixeira Santos ou o Dr. Emílio Peres, o que nos dá muita segurança quando caminhamos para fora do espaço regional.
- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que forma ele se poderá projectar para o futuro?
A Universidade do Porto tornou-se um território de criatividade e de invenção de soluções. Acredito que apenas parte delas sejam aproveitadas no seio da comunidade por culpa de ambas as partes. O futuro passará por quem ultrapassar esta incapacidade de gerar mais riqueza e interacção.
- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Que Universidade gostaria que se celebrasse daqui a 100 anos?
Creio que ainda poderemos ser melhores quando conseguirmos ser mais irreverentes e sem receios de expor a nossa personalidade naquilo que fazemos, quando tivermos mais tempo para dar e receber fora de cada unidade orgânica e quando definitivamente cruzarmos conhecimentos e sinergias no nosso seio. Todos nós, conhecemos apenas 1/100 ou menos do que fazemos aqui dentro, e o mesmo se passa nas possibilidades de interacção e cruzamentos. Acho que na Universidade do Porto não se pode fazer uma pergunta sobre o que vamos celebrar daqui a 100 anos, mas o que queremos ser daqui a 10 anos. Acho que somos mais dados ao trabalho do que a celebrações e já percebemos que em 10 anos vão acontecer todas as coisas que antes de faziam em 100.
- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)
Parabéns pelo Centenário. Espero que a Universidade continue a ser um espaço onde cada um possa aprender a voar livremente. Onde se possa ir mais longe do que alguma vez se poderia ter ido sozinho…ou sequer sonhado.
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