Abril de 1937
"Está em festa e veste as suas melhores galas a Universidade do Porto que hoje tem a subida honra de no seu salão receber as mais elevadas individualidades representativas da Nação (..) que com ela vêm consagrar a histórica data da criação da Academia Politécnica e da Escola Médico-Cirúrgica, cujo primeiro Centenário soleniza” (excerto da intervenção do reitor da U.Porto, José Pereira Salgado, na sessão solene inaugural do Centenário da Academia Politécnica. In O Primeiro de Janeiro, 13 de Abril de 1937).
Em Abril de 1937, a cidade do Porto mobilizou-se para celebrar um outro Centenário: o da Academia Politécnica e da Escola Médico-Cirúrgica, ascendentes directos da Universidade do Porto. Ocasião para revisitar as várias instituições que deram origem à U.Porto, as comemorações ficaram marcadas pela inauguração, a 13 de Abril, de três edifícios que são hoje históricos na cidade e na academia: os edifícios da Faculdade de Engenharia na Rua dos Bragas (actual Faculdade de Direito), da Faculdade de Farmácia na Rua Aníbal Cunha, e a Maternidade Júlio Dinis.
“Ideia” gerada em 1925, por ocasião do Centenário da Real Escola de Cirurgia, a Maternidade Júlio Dinis foi projectada para assumir o perfil de “Hospital-Faculdade”, tendo ficado ligada à actividade da Faculdade de Medicina até 1959, ano em que aquela se mudou para o Hospital de S. João. Quanto a Farmácia, foi o culminar de um longo processo de construção que teve início em 1916. Já o edifício da FEUP veio dar resposta à carência de espaços de que a faculdade padecia no Edifício Histórico da Universidade, dominado então pelos cursos de Ciências. Aliás, o Centenário foi também pretexto para um conjunto de melhoramentos na “sede” da U.Porto, nos quais se destaca a inauguração de um novo Salão Nobre.
Foi precisamente o Salão Nobre da então Faculdade de Ciências o palco escolhido para receber, a 12 de Abril, a sessão solene inaugural das comemorações do Centenário. “Foi uma reunião de notável brilho, revestida de invulgar imponência (...) no salão, literalmente cheio, viam-se senhoras em «toilette» de «soirée» e numerosas individualidades em destaque no nosso meio social", destacava então o Primeiro de Janeiro, sobre um evento onde marcaram presença o Presidente da República, General Carmona, os ministros da Educação Nacional e das Obras Públicas, entre outras figuras da cidade e da academia. Radiodifundida para todo o país, a cerimónia deu o mote para uma visita de Estado que englobou a visita às faculdades e a condecoração de professores da Universidade e das suas antecedentes.
Ao longo dos dias seguintes, o Centenário da Academia Politécnica e da Escola Médico-Cirúrgica continuou a ser comemorado por toda a cidade. Entre os eventos que o assinalaram destacam-se várias exposições e conferências, o lançamento de uma edição especial d' O Porto Académico, concertos do Orfeão e da Tuna Universitária, um sarau de estudantes e um cortejo de estudantes e antigos estudantes (na foto). Nota ainda para dois momentos simbólicos que se projectam até ao presente. Falamos do lançamento da primeira pedra do monumento de homenagem à memória dos antigos estudantes da U.Porto mortos na I Guerra Mundial. Conhecida por “A Santa” e também referida como “A Sabedoria”, a estátua encontra-se no vão da escadaria principal do Edifício Histórico da Universidade. Alguns metros acima, as boas vindas ao edifício são dadas pelo busto de Francisco Gomes Teixeira, descerrado igualmente em 1937.
Foto: O Primeiro de Janeiro
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