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A Expulsão de Abel Salazar

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5 de Junho de 1935

Além dos trabalhos científicos fiz na Universidade cursos sobre a Filosofia da Arte, conferências sobre a Filosofia, onde desenvolvi um sistema de Filosofia que acabo de constatar com satisfação ser bastante próximo da Escola de Viena. Foi o desenvolvimento deste sistema filosófico que, tendo desagradado à Ditadura e ao Catolicismo, foram a causa principal da minha revogação. Mas, como a ditadura não se podia basear nesta questão, ela torneou a questão, fazendo através da sua imprensa uma campanha de difamação, etc., após a qual me demitiu sem processo nem julgamento (…). Esclareço que nunca fui político, toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual.” (excerto do curriculum de Abel Salazar)

 

Com a instauração da Ditadura Militar (1926) e, posteriormente, do Estado Novo (1933), aperta-se também o controlo do Estado sobre as universidades portuguesas, que, ao longo das décadas seguintes, vão enfrentar grandes limitações ao nível da sua autonomia. Dentro da Universidade do Porto, essa realidade reflectiu-se no afastamento compulsivo de vários professores por motivos políticos, fenómeno que teve como episódio simbólico a expulsão de Abel Salazar, professor histórico da Faculdade de Medicina.

 

Defensor das ideias democráticas e humanistas e crítico da actuação do governo salazarista, Abel Salazar era professor catedrático de Histologia e Embriologia e Director do Instituto de Histologia e Embriologia da FMUP quando, em 1935, foi afastado "da sua cátedra e do laboratório, estando proibido de frequentar a biblioteca e de se ausentar do país”. O motivo invocado pelo governo foi "a influência deletéria da sua acção pedagógica sobre a mocidade universitária" (Portaria de 5 de Junho de 1935).

 

Após o afastamento da Universidade (regressaria fugazmente em 1941 para dirigir o Centro de Estudos Microescópicos da Faculdade de Farmácia), Abel Salazar não deixou de prosseguir a actividade científica, artística e literária que lhe granjeou o reconhecimento nacional e internacional. Isso mesmo ficou patente aquando da sua morte, em 1946, ocasião em que a população do Porto saiu à rua para homenagear um dos mais importantes nomes da Ciência portuguesa do século XX.

 

Para além de Abel Salazar, outros professores da U.Porto foram vítimas do regime ditatorial do Estado Novo. Ainda em Maio de 1934, Luís Neves Real, António Barros Machado e Henrique Vítor Ziller Perez viram os seus contratos como assistentes da Faculdade de Ciências rescindidos por terem assinado um “Protesto” dirigido às autoridades académicas. Igualmente emblemático foi o afastamento, em 1947, dos matemáticos Ruy Luís Gomes, Laureano Barros e Alfredo Pereira Gomes, na sequência de uma carta enviada ao Governo em que protestavam contra a prisão de uma estudante.

 

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