O Olhar de...
- Astrónomo e professor universitário português (mais informações)
- Professor Associado do Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP)
- Director (2006 - ) e investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
- Antigo estudante da FCUP, com Licenciatura em Astronomia (1989)
- Como é que teve origem e se desenvolveu a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante, investigador e professor da U.Porto, bem como diretor do CAUP?
Cheguei à U.Porto em 1985 para iniciar a Licenciatura em Astronomia. Quanto terminei em 1989, saí por um ano para fazer o mestrado, tendo regressado à Faculdade de Ciências como Assistente em 1990. Voltei a sair em 1991 por três anos e meio para terminar o Doutoramento, mas sempre mantive a minha ligação à U.Porto, regressando de vez em 1995. Sou docente nesta Universidade há 21 anos. Participei ainda na Direção do CAUP desde 1998, tornando-me seu Diretor no início de 2006. Posso afirmar com gratidão e orgulho que a U.Porto tem sido uma constante na minha carreira e onde tenho tido a oportunidade de construir e viver o futuro que tinha planeado.
- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e que modo foi de encontro às suas expectativas?
A U.Porto foi o meu ponto de partida, ao oferecer a formação numa área científica que nenhuma outra Universidade Portuguesa oferecia (o que ainda hoje acontece a nível de Licenciatura). Tenho por isso a certeza que o meu percurso teria sido diferente se a U.Porto não fosse a Universidade que teve a ousadia e a coragem de avançar com a oferta de formação em Astronomia que me trouxe ao percurso profissional que segui. A U.Porto, através da Faculdade de Ciências, teve ainda a abertura para me apoiar quando foi necessário assegurar a minha formação avançada fora do país. Garantiu assim as condições para que pudesse completar a minha formação profissional e regressar ao Porto, para desenvolver a carreira de docente e investigador. De salientar que foi também na U.Porto que surgiu o primeiro centro de investigação em Portugal dedicado à Astronomia, o CAUP, que é hoje a maior unidade de I&D nesta área e a única com a classificação de Excelente. A U.Porto é efetiva e comprovadamente uma instituição de referência na investigação em Astronomia a nível nacional e internacional, ultrapassando em muito as expectativas que tive na altura em que a escolhi para iniciar o meu percurso profissional como investigador na área de Astronomia.
- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projetar para o futuro?
Creio que ainda há muito a fazer (haverá sempre mais a fazer, claro), mas não posso deixar de salientar que me parece que a U.Porto sempre apoiou as iniciativas que foram surgindo para construir uma ligação ativa entre a Universidade e a comunidade. Tenho o privilégio de estar ligado a um projeto da U.Porto de ligação à Sociedade que tem sido um sucesso: o Planetário do Porto. Iniciativa essa que complementa a opção estratégica que o CAUP assumiu desde a sua criação, através da sua Diretora na altura, de incluir como um dos seus pilares fundamentais a divulgação científica e a ligação à sociedade. Devo no entanto acrescentar que nunca são demasiadas as ligações que a Universidade tem ao meio em que se insere, ao país a que pertence e ao mundo em que está. Nesse sentido é com satisfação que vejo a ambição da nossa Universidade em crescer e intensificar essas ligações, nas diferentes formas em que tal pode (e deve) ser feito.
- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Que Universidade gostaria que se celebrasse daqui a 100 anos?
A Universidade só faz sentido enquanto lugar de formação superior e de produção de conhecimento. A U.Porto já é hoje uma Universidade com reconhecimento internacional pela investigação que faz e pelos profissionais que prepara. O futuro só pode ser construído com base na qualidade, na exigência e no rigor. Não há caminhos fáceis e rápidos para afirmar a U.Porto. Temos de ser capazes de nos superarmos em cada passo que for dado e de exigir sempre, sem compromissos, o melhor em todas as componentes daquilo que fazemos. A função mais nobre de uma Universidade na Sociedade deve ser a de potenciar, criar e liderar a mudança permanente na sociedade, que nos aproxime sempre mais da utopia que é termos um futuro sustentável, justo e integrador das aspirações de cada individuo. Tenho esperança que daqui a 100 anos a U.Porto possa afirmar sem receios nem vergonha que foi uma peça fundamental a construir um Portugal e um mundo melhores.
- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.
Num mundo em permanente mudança, cada vez me parece mais necessário a existência de uma Universidade de qualidade, independente e exigente no que faz e em relação à organização da sociedade em que se integra. Nos cem anos que passaram a U.Porto tem excelentes exemplos de ter contribuído ativamente para a região e o país, e em particular pelas pessoas que dela fizeram parte, muitas vezes lutando com sacrifícios pessoais significativos em prol do ideal que a Universidade deve servir. Essa necessidade de ser uma referência, uma liderança na mudança e um berço do que de melhor a sociedade pode ter, continua hoje ainda mais presente. É com confiança que olho para os próximos 100 anos e vejo a U.Porto a assumir essa missão sem medo e segura de poder corresponder ao que o Porto, Portugal e o mundo esperaram dela.
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