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Manuel Loff: "A U.Porto terá um papel estratégico na recuperação da crise na região"

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O Olhar de...

- Historiador e professor universitário português

- Professor Associado e investigador do Departamento de História da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), com especialização em História política, ideológica e social do século XX

- Antigo Estudante da FLUP, com Licenciatura em História (1988)

 

- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante/professor da U.Porto?

 

Eu nasci, cresci e estudei no Porto até ao fim do Ensino Secundário. Inicialmente optei por estudar Relações Internacionais na Universidade do Minho, que me desiludiu, pelo que decidi vir estudar História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A verdade é que me empenhei particularmente neste percurso. Fui dirigente associativo todos os anos em que estive na FLUP, sou de uma geração que conseguiu transformações curriculares importantes entro da Faculdade e, dessa forma, fiz o meu papel para ajudar a transformar o meu próprio futuro profissional e o futuro profissional de muitas pessoas à minha volta.
Efectivamente, a minha experiência enquanto estudante foi central para encarar o próprio papel da Universidade. Durante os anos 80, a FLUP viveu um momento de grande transformação do ponto de vista curricular, abrindo-se cada vez mais à possibilidade de formações aplicadas na área das Ciências Sociais, o que implicou uma interacção com o mundo profissional que me continua a parecer bastante importante. Ao mesmo tempo, a FLUP tinha - e acredito que continue a ter - um ambiente particularmente aberto para o debate e para a participação universitária que, na minha altura, foi muito importante. Nesse sentido, sinto ter feito um trabalho a contra-ciclo daquilo que aconteceu na sociedade portuguesa em geral onde, dez anos depois do 25 de Abril, os valores do regresso à tradição e de um certo receio à inovação pareciam estar a triunfar.
Terminado esse período, fui estudar para Espanha e Itália para fazer a minha formação pós-graduada e estava a trabalhar em Madrid quando me apresentei a um concurso, em 1997, para o Departamento de História daquela que, há cerca de 13 anos, é de novo a minha Faculdade.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e que modo tem ido de encontro às suas expectativas?

 

Como disse, a minha ligação à U.Porto estabelece-se em dois campos fundamentais: a licenciatura e a maior parte do meu percurso profissional. Eu comecei a trabalhar em 1990 e mais de metade dos meus 20 anos de percurso profissional estão ligados à Universidade do Porto. E a verdade é que a Universidade tem–me ajudado a cumprir um conjunto de projectos profissionais, sobretudo na área da investigação e na orientação de investigação pós-graduada. É verdade também que, poucos anos depois de eu ter chegado à Universidade do Porto, começou um ciclo claramente recessivo na vida do Ensino Superior Público e, mais concretamente, da minha faculdade. Como tal, a resposta a que temos sido forçados – e em que estamos empenhados - a dar tem-nos criado cada vez mais obstáculos a uma vida profissional relativamente equilibrada. Nesse sentido, com o passar dos anos sinto-me cada vez mais realizado com a minha actividade mas, ao mesmo tempo, mais descontente e, em alguns casos, francamente decepcionado com aquilo que julgo vir a ser o meu futuro na Universidade. Não especificamente porque se trate da U.Porto, mas porque se trata do Ensino Superior Público em Portugal. Eu sou profundamente crítico da evolução que, num caso e no outro, se tem seguido. De resto, tenho que dizer que discordo totalmente da transformação da Universidade numa fundação e tenho sérios receios quanto aos efeitos que isso possa trazer para a vida académica e para aquilo que devia ser uma vida de uma comunidade particularmente livre, crítica, com potencial para oferecer, quer aos seus trabalhadores, quer sobretudo aos seus estudantes, um percurso de vida que permita concretizar o melhor que uma sociedade democrática e aberta tem. Isto devia ser o mais intrínseco na vida da Universidade e eu tenho muitas dúvidas que seja para lá que caminhamos.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

 

Parece-me evidente que o papel que a Universidade desempenha na comunidade é muito significativo. Por um lado, porque é a maior Universidade do país com larga distância, nunca tendo conhecido um processo de cisão como aconteceu em Lisboa, por exemplo. Por outro lado, mesmo tendo que competir com uma várias universidades num raio de distância reduzido, desempenha um papel central no desenvolvimento da região Norte.
Temos, contudo, que perceber que isto acontece num contexto em que a região passa por uma crise de natureza socioeconómica estrutural que se prolonga há mais de uma década e da qual, por uma série de condicionantes claramente exteriores aos esforços que a Universidade dinamiza, não estamos a conseguir sair. Tratando-se de uma crise bastante mais grave à escala regional que nacional, tenho que assinalar que o facto de não se ter avançado para a regionalização administrativa do país limita as capacidades da região e compromete o papel naturalmente estratégico que a Universidade pode e deve desempenhar no sentido de ajudar a dar um impulso muito forte à reconstrução do nosso tecido económico-social e à recuperação da crise na região.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

A Área Metropolitana do Porto tem uma população relativamente jovem mas problemas muito sério de inserção e realização profissional adequada à sua formação por parte dos jovens que, designadamente, frequentam a U.Porto. Nesse sentido, a Universidade oferece, em conjunto com os seus centros de investigação, uma oferta curricular muito ampla e muito rica, já proporciona instrumentos muito importante para a sua realização no campo da formação, mas ainda não conseguiu, inserida que está numa região em crise, dar expectativas profissionais e de futuro de vida a uma grande percentagem dos seus licenciados, dos seus mestres e dos seus doutores. Eu creio que esse deveria ser um empenho muito particular da Universidade nos próximos anos. A formação universitária não deve corresponder simplesmente aos melhores anos da juventude dos jovens que por aqui passa. Deveria ser um espaço de garantia de que não é necessário sair-se desta região e, em tanto casos, sair-se deste país para se procurar a realização profissional.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto

 

Sinto-me feliz por poder assistir aos 100 anos da criação da Universidade do Porto, uma das melhores criações que a República Portuguesa teve, e logo ao fim de alguns meses da sua vigência, concretizando o sonho de dezenas de anos de trabalho de académicos, estudiosos e investigadores. Homens que, no pequeno do seu mundo, transformaram este país há mais de cem anos atás e abriram portas à transformação que temos vivido até ao presente. Nessas condições, a Universidade do Porto está claramente de parabéns.

 

 
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