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Teresa Lago: "A importância da U.Porto será aquela que a sua ambição actual traçar"

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O Olhar de...

- Astrónoma e professora universitária portuguesa

- Professora Catedrática do Departamento de Matemática Aplicada da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

- Fundadora e primeira directora do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (1988 - 2006)

- Presidente da Sociedade Porto 2001 - Capital Europeia de Cultura

- Antiga estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, com Licenciatura (1971) em Engenharia Geográfica.

 

- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto?

Vim estudar para o Porto em Setembro de 1965, após ter concluído o Ensino Secundário no Liceu Salvador Correia, em Luanda. As razões para a escolha desta universidade foram de ordem familiar. Em termos de licenciatura a opção inicial recaiu na Matemática, mas um par de anos depois a Astronomia passou a ser o sonho. E porque era então impossível estudar Astronomia no país, após o bacharelato escolhi a Engenharia Geográfica para licenciatura. Era a área que estava mais próxima da Astronomia...

Entrei como monitora, em 1970, e iniciei a carreira docente logo que concluí a licenciatura (1971). São pois quarenta anos de experiências várias e marcantes ligadas à Universidade do Porto, incluindo o mestrado e doutoramento em Astronomia na Universidade do Sussex, no Reino Unido.

 

- Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante e professor da

U.Porto?

Enquanto estudante, talvez a convivência diária em redor do “Piolho” e da “Quinta do Paço”. Na altura, o edifício da Praça dos Leões albergava alunos de Ciências, de Engenharia e de Economia. As Letras não ficavam longe. O que tornava o ambiente académico particularmente rico e diversificado. Foi também um espaço agitado, cheio de sonhos e ideais, nada tranquilo ou acomodado.

Como professora, naturalmente que me orgulho de ter trazido a Astronomia para a Universidade do Porto, ao nível de:

 

- licenciatura (1984),

- mestrado (o “European Masters Degree in Astronomy” funcionou entre 1994 e 1999 com

apoio da Comunidade Europeia, era coordenado pela UP e envolvia seis universidades

europeias; trazia ao Porto, por um semestre, os alunos das diversas universidades

parceiras para seguirem os cursos aqui regidos por professores e investigadores de

diversas instituições europeias),

- doutoramento, inicialmente através da "European Astrophysics Doctoral Network", uma

rede de 33 Universidades e Instituições que funcionou entre 1986 e 1997 com o apoio da

Comunidade Europeia. Aos doutoramentos então em curso seguiu-se, em 2003, o primeiro “Programa Doutoral em Astronomia”.

 

Em termos da investigação refiro a criação de Centro de Astrofísica (CAUP) em 1988. O CAUP foi também inovador ao integrar nas suas actividades, logo desde a sua criação, a divulgação de ciência e as actividades com as escolas. A proposta que fiz e que levou mais tarde (1997) à sua instalação conjunta com o Planetário do Porto (que a Câmara Municipal pretendia construir) foi a consolidação dessa ideia de partilha dos resultados da investigação com um público alargado.

Num outro registo refiro a presidência que exerci, entre 1999 e 2002, da Porto 2001 SA, a organização responsável por “Porto - Capital Europeia da Cultura”. Deu maior visibilidade à U.Porto e ampliou a sua participação no programa desse grande evento cultural.

Mais recentemente não posso deixar de salientar a minha participação na Assembleia Estatutária(2008-09) que levou à adopção do regime fundacional para a Universidade, abrindo-lhe novas e amplas perspectivas.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro

às suas expectativas?

 

Todo o meu percurso profissional foi desenvolvido na U.Porto. Assim a Universidade está ligada aos meus sonhos e realizações profissionais e também a algumas pessoais. Tal como às frustrações. Sempre tive uma ambição marcadamente europeia, muitas vezes bem para além da ambição da própria Universidade.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade,

região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro, com especial enfoque no

campo da investigação e da produção Conhecimento e Inovação?

 

Em minha opinião a universidade deve ser motor da cidade, da região e do país. Pela sua própria natureza – lugar de criação, de discussão, de pensamento e de visão. Pela riqueza dos seus recursos humanos em termos de formação, de conhecimento, de diversidade e de vivência internacional. Mas isso obriga a que a universidade adopte uma atitude de ambição e de liderança temperada pela humildade e realismo, com elevados padrões de exigência em termos da sua própria organização, prática e objectivos.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto

regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

Diria que a avaliação objectiva e rigorosa das suas capacidades e valências terá que ser o ponto de partida. Há bons exemplos que nos vêm das universidades europeias de referência. A importância do papel da Universidade do Porto, daqui a 10 ou 100 anos, será aquela que a sua ambição actual traçar: uma universidade a celebrar os 200 anos, com mais ou menos pompa, ou uma universidade europeia reconhecida pela sua qualidade intrínseca e contribuição competitiva.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto (formato livre)

 

Será apenas uma efeméride se não servir de pretexto para a discussão aberta e alargada sobre o papel actual da universidade. Se não envolver o desafio de concretizar a mudança que se impõe face às enormes e rápidas alterações globais. 100 anos não será muito em termos institucionais, mas é certamente demasiado em termos de estruturas, de objectivos e de enquadramento. O meu voto é que a comemoração do centenário da Universidade do Porto seja um momento de realismo sobre as suas capacidades e ambições no contexto europeu em que nos integramos. Que seja um tempo de criação inspirada, alicerçada na descoberta da sua realidade, sem preconceitos, e na valorização adequada dos seus recursos. Que seja mais um ponto de partida para uma aposta ousada do que a chegada ao fim de um século de actividade.

 
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