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António Ferreira: “A U.Porto deve posicionar-se como o grande pólo do conhecimento do noroeste da Península Ibérica”

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O Olhar de...

- Médico e professor universitário português

- Presidente do conselho de Administração do Hospital São João, E.P.E.

- Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

- Antigo Estudante da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), com Licenciatura e Doutoramento em Medicina.

 

- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante e professor da U.Porto?

 

A minha ligação à Universidade do Porto começou no curso de Medicina na FMUP e continuou, após a licenciatura, como assistente voluntário, estudante de doutoramento e, posteriormente, como professor auxiliar convidado. Nos últimos seis anos, essa ligação intensificou-se devido às funções que passei a desempenhar no Conselho de Administração do Hospital de São João, instituição parceira e intimamente ligada à FMUP, e, por via disso, na Comissão Mista FMUP-HSJ.

Para além dos momentos relacionados com a vida estudantil, passados num tempo em que ainda se notavam as sequelas do período pós-revolucionário, marcaram-me, essencialmente, alguns mestres, exemplos de integridade, homens e mulheres que, à frente do seu tempo, entendiam o processo de ensino-aprendizagem como poucos, promoviam nos alunos o desenvolvimento de competências em vez da mera memorização das matérias, e, em particular, por paradoxal que pareça, porque os estudantes tendem a associar os exames a momentos difíceis e negativos, marcaram-me as oportunidades de discussão e aprendizagem que tive no decurso dos exames que com eles fiz. Esses são momentos que deixaram marca indelével e permanecem vivos na minha memória. Guardo, ainda, a saudade do entusiasmo que vivi quando fazia investigação. Foram, seguramente, os anos mais entusiasmantes da minha vida profissional. O permanente desafio intelectual que a análise da experiência nos coloca, levando-nos, humildemente e à medida da nossa dimensão, a procurar, através do método científico, as respostas para questões que essa análise nos coloca, configura um modo de estar, um certo tipo de estado mental de que sinto muita falta.

 

Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro às suas expectativas?

 

A Universidade do Porto, através da FMUP, verdadeiramente formou-me, durante e após a licenciatura - dotou-me de competências e incutiu-me valores que, na continuidade do processo formativo no seio da minha família e da escola (processo que, obviamente, não está terminado pois continuo em formação), são essenciais para o sucesso da minha actividade. A Universidade licenciou-me e doutorou-me em Medicina, mas, de forma muito mais importante, deu-me competências que me permitem desempenhar muitas outras funções, algumas pouco relacionadas com a actividade clínica.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro? Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

O impacto científico, cultural, artístico, económico e humano da Universidade do Porto no seio da cidade, da região e do país, ao longo de muitos e muitos anos, faz dela, em função do contributo que tem dado para o desenvolvimento de Portugal e para o bem comum, uma das mais notáveis instituições deste país. A meu ver, tal como a cidade onde se localiza e donde recolhe o nome, a Universidade deve posicionar-se como um grande pólo, ou o grande pólo, pedagógico, científico, cultural e do conhecimento do noroeste da Península Ibérica e fazer deste posicionamento alavanca para a excelência entre as congéneres europeias (aliás, como tem vindo a acontecer). A abertura à cidade - entendida como sede de um imbricado de relações sociais, políticas, culturais, científicas, artísticas, empresariais e económicas, a interligação com o mercado do trabalho, desde logo pela forma como são definidos os seus currículos, centrados no aluno (ou, através do aluno, no mercado do trabalho), a aposta, por via da investigação, na produção de conhecimento e produto que acrescente valor e possa ser comercializado, a capacidade para desenvolver pólos de produção de serviços remuneráveis e remunerados, a interacção com o mundo empresarial, a, aparentemente, simples atracção de estudantes, doutorandos e investigadores estrangeiros, trazendo-os para a região e incentivando a vida da cidade (entendida como acima a defini), são, seguramente, entre outros aspectos que o meu desconhecimento impede de vislumbrar, apostas que permitirão à Universidade projectar-se na região e na Europa e, principalmente, fazê-lo com autonomia - a autonomia para a qual a independência económica é pedra de toque e sem a qual permanecerá, sempre, sujeita a poderes efémeros e, muitas vezes, com estratégias incoerentes.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

Há instituições que marcam, muito mais do que outras, a vida e a história dos homens e das mulheres que, de alguma forma, com elas contactaram, que, pelo seu contributo para o conhecimento e para o desenvolvimento, marcam a vida e a história das comunidades humanas onde se inserem e que são capazes de influenciar gentes e comunidades longínquas. A Universidade do Porto é uma dessas instituições. A sua história, já secular, sustenta superlativamente esta afirmação.

Cada aniversário e, em particular o centésimo aniversário, para além de ser motivo para comemoração, regozijo e festa, constitui, essencialmente, um recomeço. É um momento de reflexão, de análise do tempo passado, dos feitos alcançados e, eventualmente, de alguns insucessos. Unimo-nos em torno da nossa História comum para a comemorar e, ainda mais do que na azáfama do dia-a-dia, sentimo-nos pertencentes a uma casa comum, a nossa casa. O sentido de pertença incrementa-se nestes momentos. E esta simbiose - esta que junta o envolvimento à reflexão - é uma oportunidade para, no respeito pelas nossas História e cultura (porque as instituições, enquanto conjuntos de pessoas, têm uma cultura própria), começar de novo, relançarmo-nos para o futuro, de mente aberta, dispostos a correr riscos, com empenho e com paixão. Comemorar o aniversário é, por isso, uma notável oportunidade para começar de novo.

A Universidade do Porto, à semelhança do tempo que comemora, saberá lançar-se para mais cem anos de vida, aberta à modernidade, pensando à frente do seu próprio tempo, produzindo conhecimento e inovação, formando homens e mulheres excelentes e promovendo o desenvolvimento da sua região e do mundo.

 

 

 

 
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