O Olhar de...
- Historiadora portuguesa
- Directora do Museu Nacional Soares dos Reis
- Antiga estudante da Faculdade de Letras da U.Porto, com Licenciatura em História (1974)
- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante U.Porto?
Entrei na Faculdade de Letras do Porto em 1969, no Curso de História. Nessa ocasião, a passagem pela Universidade representava para mim uma clara charneira entre a fase de total despreocupação em que tinha vivido até aí e uma outra fase que adivinhava com grande responsabilidade e com uma profissão que não duvidava, iria começar mal acabasse o curso. É com grande saudade que me lembro de como "esticava" essa fase de despreocupação o mais que podia, de como eram bastante saudáveis e muito divertidas as relações de companheirismo com colegas de idades e formações muito diferentes. De como se mandavam apontamentos para alunos que viviam longe (lembro-me do Padre Mourinho em Miranda do Douro) ou alunos militares que podiam fazer exames em épocas especiais.
Depois dos cinco anos da licenciatura, os meus contactos com a Universidade foram esporádicos. Quando, já em funções profissionais na cidade do Porto, essencialmente desde a década de noventa, voltei a ter uma relação mais estreita com a Universidade, através dos seus museus e de algumas das pessoas fascinantes que aí trabalham.
Extravasou por outro lado a relação profissional, no caso do Museu de Zoologia, com a frequência das sessões que a Drª Luzia Sousa fazia aos sábados de manhã para as crianças. Os meus filhos, hoje adultos, lembram ainda com entusiasmo essas experiências.
- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país), com especial enfoque no campo da intervenção/produção/divulgação cultural?
É essencialmente no campo dos museus que posso situar a minha experiência e consecutiva opinião relativamente a estes aspectos. Desde uma exposição no ano internacional dos morcegos, em 2001, das actividades conjuntas nos Dias Internacionais dos Museus e de outras colaborações pontuais com os museus de História Natural, de Ciência, da Faculdade de Medicina e de Farmácia, das Belas Artes, Arquitectura e da Engenharia ou mesmo das Fundações ligadas à Universidade, até à experiência de colaboração com o IBMC/INEB , cuja última realização foi a Exposição "Exuberâncias da Caixa Preta...", integrada nas comemorações do centenário de Darwin, tem sido fascinante a forma como se têm articulado os saberes em actividades de expressão pública em que o peso da Universidade não impede a fácil comunicação com a cidade, permitindo uma divulgação e proximidade aos assuntos "sérios" que estimula a curiosidade e a capacidade crítica.
A abertura que representam as mostras realizadas anualmente no Palácio de Cristal, bem como a Universidade Júnior está já a ter repercussão numa camada de futuros estudantes.
Parece-me ainda relevante a forma como tem lidado com a presença dos alunos estrangeiros, cujo testemunho constitui uma importante forma de divulgação da qualidade da UP.
- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.
Penso que a chamada de atenção que se está a fazer durante este ano, vai consolidar a consciência de que a Universidade do Porto é uma instituição de referência, cujo passado e presente deixam adivinhar uma desejável afirmação cada vez maior entre as suas congéneres no campo do saber e entre as entidades da cidade no esforço do seu desenvolvimento equilibrado.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
« Retroceder | Topo da Página | Imprimir