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Hélder Maiato: "É fundamental vermos a U.Porto na linha da frente da investigação"

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O Olhar de...

- Investigador português

- Investigador do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) com especialização na área da Biologia Celular, e Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Medicina da U.Porto

- Prémio Crioestaminal 2006; Prémio Gulbenkian de Apoio à Investigação na Fronteira das Ciências da Vida 2007

- Antigo estudante da Universidade do Porto, onde completou a Licenciatura em Bioquímica (1998) e o Doutoramento em Ciências Biomédicas pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

 

- Como é que teve origem, e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto investigador da U.Porto?

 

O meu primeiro contacto com a Universidade do Porto ocorre em 1994, quando comecei a frequentar a licenciatura em Bioquímica. Na altura, penso que seria a única licenciatura partilhada entre várias faculdades da U.Porto, sendo que o próprio grau era atribuído pela Universidade do Porto e não por uma Faculdade. Como tal, essa experiência fez-me contactar desde cedo com vários departamentos e áreas de conhecimento, desde a Física, a Química, ou as Ciências Biomédicas. Posso dizer que tive uma base de formação muito sólida para o qual contribuiu, claro, um corpo docente fantástico. Nomeadamente a licenciatura em Bioquímica preparava-nos para fazer investigação no campo da biologia molecular, que foi a linha que acabei por seguir ao nível do doutoramento – também pelo ICBAS - e até aos dias de hoje.

 

Entretanto, também me doutorei pela Universidade do Porto, embora tivesse feito a maior parte do trabalho experimental na Universidade de Edimburgo (Escócia), no âmbito do Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina, que nos dava a possibilidade de ir para laboratórios em todo o mundo desenvolver o nosso trabalho.

 

Mais tarde, e já a nível profissional, acabei por ser contratado como investigador para o IBMC, ainda que neste caso, a ligação do IBMC à U.Porto não me parece que seja muito clara. Há um reconhecimento da filiação mas julgo que ainda se pode trabalhar muito de modo a tornar esta relação mais efectiva e a que a Universidade tenha um papel activo na vida e na organização do instituto. Por fim, colaboro também com a Universidade da Medicina, na cadeira de Biologia Celular e Molecular.

 

Relativamente aos momentos que mais me marcaram, tenho que destacar a minha passagem enquanto estudante da U.Porto. Quando optei pela Universidade do Porto, a licenciatura em bioquímica tinha uma excelente reputação e era muito seleccionada. Só entravam 30 ou 40 alunos por ano e, de facto, eram pessoas que já estavam muito determinadas, a fazer investigação no seu futuro. Nesse aspecto, repito, tive uma formação de base excelente, que acabou por marcar – e continua a fazê-lo – a minha passagem pela Universidade

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional e que modo tem ido de encontro às suas expectativas?

 

Como disse, a Universidade do Porto foi a base de todo o meu percurso académico e científico. Contudo, o que é que é a Universidade? As Universidade são as pessoas que estão lá, é o corpo docente, são os estudantes, não é uma entidade sem corpo. Nesse contexto, todo o meu percurso, estando profundamente relacionado com a U.Porto, salienta e, de alguma forma, reflecte a qualidade do ensino leccionado na Universidade do Porto.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro?

Focando-me na área da investigação, que é a que eu domino, é um facto que a produção científica tem aumentado substancialmente na Universidade do Porto e isso pode indicar uma mais-valia para o exterior. Mas o que eu gostaria era que se começasse a falar menos em número de publicações científicas, e cada vez mais na qualidade das publicações que saem da U.Porto. É fundamental começar ver a U.Porto na linha da frente da investigação em áreas em que claramente sejamos competitivos em que possamos marcar a diferença.

Tudo isto leva-nos para o nível do ensino pós-graduado e, aqui, só vejo uma solução: Ou se faz um investimento sério ou a escola pós-graduada é uma falácia. Ou se assume a necessidade de um corpo docente e científico preparado e especializado para trabalhar ao nível pós-graduado, ou seguimos a via da precariedade, com os prejuízos que isso terá a médio e a longo prazo. Claro que isto exige um esforço grande. Para obtermos um melhor ensino e desenvolvermos investigação com reputação internacional, temos que investir necessariamente em qualidade e em excelência. Isto acarreta custos mas julgo que os benefícios são maiores.

 

Claro que, olhando em retrospectiva, não podemos ignorar que a Universidade tem vindo a crescer ao longo dos anos. Mas o que vemos verdadeiramente a mudar são as paredes. Temos melhores instalações, melhores infra-estrutura. Contudo, estou preocupado com a renovação do corpo docente que, como disse, em muitos casos é excepcional. Não nos podemos esquecer que as pessoas não duram sempre e é preciso saber renovar. E aí, confesso, alguma preocupação que essa renovação não tenha vindo a ser feita ao ritmo que seria necessário.

Numa resposta muito objectiva, temos de facto melhores condições mas, volto a dizer, a Universidade não é feita por paredes. Ela é feita  por pessoas, e interessa garantir que continuemos a ter as  melhores pessoas, quer ao nível da docência e da investigação, quer ao nível, claro, dos alunos.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

A Universidade do Porto já é reconhecidamente um dos pólos com mais reputação e tradição na área da investigação científica em Porto. Aliás, tem condições únicas para ser a melhor Universidade portuguesa a produzir investigação e para fazer esta ponte entre a linha da frente do Conhecimento com o ensino pós-graduado desenvolvido nas faculdades. Não há dúvida que esse é o caminho, mas terá que ser percorrido de forma série a determinada.

De resto, a Universidade do Porto tem que se afirmar como uma Universidade internacional, capaz de atrair estudantes de países cuja língua oficial não é o português. É para isso que temos que nos preparar. Temos que deixar o nosso orgulho de lado e passar a fazer o ensino numa língua que todos consigam falar à escala global. Sem isso, não vamos atrair pessoas de outras partes do mundo que, pela sua diversidade e riqueza de experiências, podem trazer novos contributos e uma nova forma de estar à Universidade.

 
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