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José Soeiro: “Gosto de pensar a U.Porto daqui a 100 anos como um grande pólo de pensamento crítico”

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O Olhar de...

- Sociólogo e político português

- Deputado da Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda (2005 – )

- Antigo Estudante da Faculdade de Letras da U.Porto, com Licenciatura em Sociologia (2007)

 

- Que principais memórias guarda da sua experiência enquanto estudante da U.Porto?

Guardo da minha experiência na U.Porto o entusiasmo pela descoberta da sociologia e o seu “prazer de desiludir”, a curiosidade sociológica contra as evidências do senso comum e da familiaridade com que interpretamos a realidade. Guardo as melhores memórias da magnífica biblioteca da faculdade de Letras, a vontade do activismo cultural e associativo e o empenho militante de alguns professores na dinamização de debates e ciclos de cinema. Na Faculdade, marcou-me sobretudo a relação com colegas e professores. Colegas vindos de tantos pontos da região norte e que traziam experiências tão diferentes da minha, com quem tive tantas conversas sobre o mundo e sobre a vida, sobre a relação entre o que aprendíamos e o que fazíamos, sobre o papel da faculdade. Professores que me deram a ler coisas que nunca mais me saíram da cabeça. Destaco dois episódios. Um skecth de teatro que fizemos a partir da obra “Ganchos, Tachos e Biscates”, do José Machado Pais, sobre os percursos iô-iô que marcam a condição da juventude precária de hoje. Foi um momento feliz, onde se estabeleceu uma relação diferente entre professores, estudantes e o saber sociológico  - e que contou com a presença comovida do próprio autor do livro. Outro momento: um protesto organizado no dia em que foi declarada a guerra no Iraque, que transformou simbolicamente o jardim a faculdade num cemitério e onde este espaço se tornou uma tribuna livre em que alunos/as, professores/as e funcionários/as tomaram a palavra contra a cultura da guerra.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso, não só ao nível da formação, como do ponto profissional e cívico?

 

Na U.Porto fiz a minha formação académica, aprendi muito e descobri aquela que é, por gosto, a minha área profissional, a sociologia. O facto da escola do Porto ter uma posição peculiar no campo da sociologia em Portugal dá-lhe uma pluralidade e uma abertura que, decididamente, outras escolas não têm e creio que isso é bom em termos de formação, pela diversidade de referências e paradigmas que coexistem. Do ponto de vista cívico, foi na faculdade (e tantas vezes contra decisões da Universidade, também) que construí cumplicidades activistas com muita gente, estudantes, professores e funcionários que se empenham numa Universidade democrática.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade e de que modo ele se poderá projectar para os próximos 100 anos?

 

A Universidade tem um papel fundamental para a região Norte e para a cidade do Porto. Creio que continuará a tê-lo, ao nível da formação, da produção de conhecimento e da investigação. Provavelmente, o desafio da Universidade é o de abrir-se a novos públicos e de reforçar a sua ligação com a sociedade em que se insere. Espero que se desenvolva uma universidade mais cidadã e mais democrática, num espaço europeu de ensino e de investigação e que não se acentue a ideia, que parece estar a instalar-se, de que a vocação de uma universidade é acima de tudo ser uma instituição que concorre no mercado europeu (ou transnacional) de aprendizagens que vem sendo configurado.

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como anteciparia o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

É difícil, porque há dinâmicas contraditórias e não sabemos quais serão determinantes. Gosto de pensar a Universidade daqui a 100 anos como um grande pólo de conhecimento e de pensamento crítico, que é o fundamento de uma Universidade de ideias. Em que a produção do conhecimento tem uma relação com a emancipação. Em que outros públicos que hoje tendem a ficar de fora – por razões económicas, por serem portadores de deficiência, imigrantes… - possam ter lugar e ver ali um espaço de discussão do mundo e de acesso à experiência acumulada da humanidade nas mais diversas áreas, um espaço de inovação e criatividade. Em que se fazem circular os saberes produzidos nas árias regiões do mundo de forma mais equilibrada. Uma Universidade que, pelo conhecimento que produz, nos permite também tomar decisões informadas sobre o futuro e ter uma vida mais justa.

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

100 anos de reflexão para um novo século.

Foto: BE

 
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