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Teresa Siza: “Gostaria de pensar a Universidade como um lugar de irreverência”

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O Olhar de...

- Historiadora e fotógrafa portuguesa

- Directora do Centro Português de Fotografia entre 1997 e 2007

- Directora do Curso Superior de Fotografia da Cooperativa Árvore

- Antiga estudante da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), com Licenciatura em Filosofia (1970)

 

- Como é que teve origem e se tem vindo a desenvolver a sua ligação à Universidade do Porto? Que principais momentos guarda da sua experiência enquanto estudante da U.Porto?

 

Entrei para a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1965 e acabei o curso de Filosofia em 1970. A licenciatura era então de 5 anos e só quando já estava no 3º ano é que foi criado o grau de Bacharelato.

Aqueles não eram “bons velhos tempos” e, por muito que me custe, não guardo grandes recordações e muito menos “saudades”. Havia um pesado clima de suspeição (pesava sobre [alguns] professores e estudantes, sabia-se quem eram alguns dos informadores e sabia-se sobretudo que havia muito mais, alguns dos quais aparentemente acima de qualquer suspeita. Mas víamos colegas – muitas vezes os melhores de nós – serem presos e então percebia-se que as suspeitas não eram fantasias. E havia também o fantasma da Guerra Colonial, que se perfilava no fim do curso. Mesmo alguns dos aspectos à primeira vista mais favoráveis (por exemplo, escasso número de alunos, que proporcionava uma aproximação muito mais fácil com os professores) tinham o seu reverso negro, de que muitos de nós tínhamos clara consciência. Viveu-se o “momento cadeira”, mas o que se seguiu não foi substancialmente melhor, ainda.

Tive bons e maus professores (nada que não aconteça em qualquer outro lugar ou tempo), alguns fáceis de esquecer, outros que ficaram na memória (tenho um feitio de sobrevivente que me permite guardar só as “boas” memórias – os bons professores, os que ficaram até hoje meus amigos…). Tive colegas com quem me identificava, outros não; lembro-me que pensava como era possível que gente da nossa idade tivesse e exprimisse – por vezes em panfletos ridículos que guardei como recordação, ainda que não saiba bem para quê – ideias tão reaccionárias. Mas que os havia, havia! E lá foram à vida deles, alguns em nobres carreiras académicas.

Desde 1970 para cá, a minha relação com a Universidade tem sido quase nula. Uma filha a estudar na Faculdade de Letras fez-me pensar que não terá mudado muita coisa, a não ser o número de estudantes. Continua a haver professores bons e professores maus (acredito que os bons de agora sejam melhores do que os bons do meu tempo) e a instituição lá vai caminhando graças ao valor e esforço dos melhores. O que conheço de outras faculdades diz-me que o panorama geral melhorou muito. O que é razão acrescida para ousar ir mais longe.

 

- Qual a importância da U.Porto no seu percurso profissional? De que forma foi de encontro às suas expectativas?

 

 O que adquiri foram sobretudo hábitos de trabalho. E gosto pelo trabalho, sem o que os hábitos vão ficando frouxos.

 

- Como avalia o papel desempenhado pela Universidade no seio da comunidade (cidade, região, país) e de que modo ele se poderá projectar para o futuro, com especial enfoque no campo da cultura?

 

 Penso que a Universidade é hoje muito mais presente do que no meu tempo e gostaria que o fosse cada vez mais. O potencial de conhecimento e o incentivo à investigação e à valorização pessoal é um capital que a universidade deve pôr à disposição do meio social e, em contrapartida, pode ganhar muito com a(s) experiência(s) e os saberes que por aí andam à solta…

 

- Que caminho deverá ser percorrido para afirmar cada vez mais a Universidade no contexto regional, nacional e internacional? Como prevê o papel de uma Universidade do Porto daqui a 100 anos?

 

 Não sou capaz de pensar um futuro tão longínquo. Será por estar tão absorvida por um futuro próximo tão negro?

 

- Mensagem alusiva aos 100 anos da Universidade do Porto.

 

 Gostaria de pensar a Universidade como um lugar de saber, mas também de cidadania, de irreverência, de revolta se preciso for. E se calhar é mesmo…

 
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