4 de Agosto de 1919
"Aos quatro dias do mês de Agosto de mil novecentos e dezanove (..) Deliberou-se aprovar a criação de dois institutos de investigação científica na Faculdade de Medicina propostos pelo respectivo conselho escolar, respeitantes à Anatomia e Histologia e Embriologia, cujas direcções ficam respectivamente a cargo dos professores doutores Joaquim Alberto Pires de Lima e Abel de Lima Salazar." (Livro de Actas da Universidade do Porto, Sessão 4 de Agosto de 1919. Extraordinária)
Ainda que a produção de conhecimento científico acompanhe a missão da Universidade desde a sua fundação, e até a anteceda, é com a criação dos primeiros institutos vocacionados para a investigação que se gera o embrião daquele que é actualmente um dos ex-libris da U.Porto. Para encontrar esse momento seminal é necessário recuar até Agosto de 1919, data em que o Senado da Universidade, reunido em Assembleia Extraordinária, aprovou a criação dos dois organismos que deram origem aos actuais institutos de Anatomia e de Histologia da Faculdade de Medicina.
Sob a liderança dos históricos professores Joaquim Pires de Lima (Anatomia) e Abel Salazar (Histologia), o Instituto de Investigações Histológicas (criado por decreto do Governo de 8 de Novembro de 1919) e o Instituto de Investigações Anatómicas (criado por decreto do Governo de 8 de Janeiro de 1920) vinham de encontro às reformas expressas no Estatuto Universitário de 6 de Julho de 1918, que se propunha a “imprimir às Universidades um vigoroso impulso para que, em breve prazo, se tornem não só verdadeiros centros de investigação científica, mas possam também cooperar na solução dos mais instantes problemas da vida nacional”. Procurava-se ao mesmo tempo organizar e promover o volume de investigação científica produzida pela Faculdade desde 1911, reflectido no crescente número de teses de doutoramento publciadas a partir finais da década de 20.
Após a criação dos dois institutos na FMUP, a criação de organismos ligados à investigação científica foi-se proliferando rapidamente pela U.Porto. Ainda em 1920, a 24 de Maio, é deliberada, em Senado, a fundação dos institutos de Zoologia, Botânica e Química na Faculdade de Ciências, sob direcção de outras três figuras emblemáticas da U.Porto: Augusto Nobre (Zoologia), Ferreira da Silva (Química) e Gonçalo Sampaio (Botânica). Os três institutos entrariam em funcionamento em 1921.
Ao longo da sua história, a U.Porto foi sabendo gerir e potenciar este legado, afirmando progressivamente o estatuto de mais produtivo centro de investigação científica em Portugal. Actualmente, a Universidade é responsável por mais de um quinto dos artigos científicos publicados anualmente por instituições portuguesas (22%). Para tal contribui o trabalho de excelência produzido pelas 61 unidades/institutos de investigação que integram a U.Porto, grande parte dos quais estão classificados com “Excelente” ou “Muito Bom” segundo avaliações independentes. Entre elas podemos encontrar o IPATIMUP, INEB, o IBC, o INEGI, o IESC Porto, o CIBIO, o INEGI, o CIIMAR, entre muitas outras...
Profundamente orientada para as necessidades da sociedade e reflexo do ensino de ponta prestado pela instituição, a investigação da U.Porto tem ainda obtido amplo reconhecimento internacional, fruto dos diversos prémios atribuídos aos investigadores da instituição e das avaliações promovidas no âmbito dos mais importantes rankings de instituições de Ensino Superior. Em 2009, a Universidade do Porto foi, por exemplo, a 85ª instituição de Ensino Superior europeia com mais artigos científicos publicados, segundo a edição 2010 do Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities. Nesta mesmo ranking, a U.Porto reforça a sua presença entre as 350 melhores universidades do mundo e 150 europeias, projectando-se definitivamente enquanto “universidade de investigação”.
Foto: Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina da U.Porto (1934)
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